A Serra de São José está inserida na Área de Proteção
Ambiental (APA) São José, criada em 1990, com 5.000 ha., e abrange cinco
municípios: Tiradentes, São João Del Rei, Santa Cruz de Minas, Prados e Coronel
Xavier Chaves. A Serra compreende cerca de 41% da superfície da APA, com 12 km
de extensão e em média 1,2 km de largura, altitude variando de 800 a 1260
metros, com predomínio de campos rupestres. A localização se encontra a 21º
06,30 latitude S e 44º 11,00 longitude W. A altitude varia entre 840 a 1.440 m.
Temperatura máxima de 36º C em fevereiro e mínima de 6º C em julho. As chuvas
ocorrem entre outubro a março, com média de 2.018 mm.
Caminhar pelas diversas trilhas é mergulhar na História da
formação destes municípios. Fruto desse vivo registro histórico e da busca
desenfreada dos bandeirantes por ouro no século XVIII, existem vários buracos
(alguns têm até 30 metros de profundidade) ao longo das diversas trilhas da
cadeia montanhosa. Portanto, não se deve andar sozinho pela Serra de São José,
mesmo porque há sinalização no início dos caminhos, mas ela diminui durante os
percursos.
A presença dos paulistas na região, entretanto, remonta ao
século XVII (antes da corrida pelo ouro, portanto), quando ali chegaram para
capturar índios que seriam vendidos como mão de obra escrava para fazendas em
São Paulo. Foi com o apoio de outros indígenas de diferentes tribos, e que
ajudavam os bandeirantes a caçar, que eles foram descobrindo os diferentes
caminhos existentes na região e, em seguida, tomando conhecimento do ouro. E
cavando os buracos... Além deles, os bandeirantes também são responsáveis pelo
nome que batiza a Serra de São José. Com o início da exploração aurífera (e sua
derrocada), começa outra história: a de Tiradentes e cidades vizinhas.
Aproximadamente 90% dos turistas que visitam a Serra de São
José hospedam-se em Tiradentes, permanecendo por 4 dias em média e utilizando
das pousadas da cidade, estes, exploram as várias as trilhas que saem de
Tiradentes e levam aos principais mirantes da serra a até 1 260
metros de altura, e algumas passam pela calçada dos escravos, construída
por eles no século XVIII, um caminho alternado por onde se desviava ouro para
evitar de pagar os impostos para a Coroa Portuguesa.
Trekking, pedaladas,
cavalgadas e passeios
de jipe ou quadriciclo podem ser escolhidos para as diversas alternativas de
conhecer a Serra. As caminhadas são as mais procuradas e podem durar entre duas
e cinco horas, com níveis de dificuldade baixo e médio. As trilhas
principais são: a do Mangue, a do Carteiro e a Travessia.
A Trilha do Mangue
é a mais curta e leve: são cerca de 40
minutos do inicio da Trilha, na entrada da cidade pela Estrada Real até a
cachoeira do Mangue e suas piscinas naturais. A trilha margeia a Serra de São
José e conduz a um vale entre a serra e o Morro de Santa Luzia. Não é bem
sinalizada, mas seguindo a trilha principal não é difícil seguir o caminho. A
cachoeira do Mangue possui uma pequena queda e um bom poço para banho. Uma dica
é subir pela trilha estreita ao lado do poço, para alcançar uma sequência de
poços na parte superior em meio a uma paisagem bucólica.
Valor aproximado: R$60,00 / pessoa
A Trilha do Carteiro
, a mais conhecida da região, vai até o
topo da Serra de São José passando pela Calçada dos Escravos, onde dá para
ter aquela vista maravilhosa da cidade. O sobe e desce são pelo mesmo
lado da Serra e leva-se cerca de 1 hora e meia em cada percurso. Ao fim, é
possível refrescar-se no Poço da Coca-Cola.
Para se chegar na trilha, siga pela rua ao lado da Igreja de
São Francisco de Paula, seguindo até a bifurcação com a Rua Padroeiro Santo
Antônio, no bairro Cascalho. Neste ponto tome o caminho da direita e siga em
frente sempre! Logo no início da trilha um córrego com águas avermelhadas
guarda pequenas piscinas naturais, mas deixe para tomar um banho na volta; a
trilha é bem demarcada e de nível de dificuldade fácil, mas o início já guarda
uma subida que leva até um pequeno mirante na mata de onde se pode ver a cidade
de Tiradentes ficando pequena mais abaixo. A caminhada varia sobre pedra e
terra, num percurso facilmente visível e delimitado. No meio da trilha, após
cerca de uma hora de caminhada, o trecho calçado de maior aclive, coberto por
pedras em meio à Mata Atlântica, recebe o nome de Calçada dos Escravos. Subindo
pelo caminho dos escravos se chega ao topo da serra de São José de onde se pode
ver os dois lados com a cidade de Tiradentes bem abaixo.
A vista do topo da serra é linda e vale parar um pouco para
admirar a paisagem. O percurso todo dura cerca de 1h30min em um ritmo bom de
caminhada. Mas chegar até o topo é só a primeira parte do passeio, já que o
objetivo final é encontrar as piscinas naturais no topo.
No lado oposto a Tiradentes, uma trilha à direita leva ao
túmulo do carteiro, um informante da inconfidência mineira que levava uma
correspondência para o outro lado da serra, morto em uma emboscada armada pelas
tropas da Coroa Portuguesa no meio do caminho. O corpo foi enterrado na margem
da estrada de terra e uma cruz foi colocada no local para marcar o túmulo do
carteiro. Reza a lenda que todos que passem por este caminho e avistem o
cruzeiro devem depositar uma pedra para aliviar a alma do defunto. Aluns metros
à frente da Cruz do carteiro encontra-se o poço da Coca-Cola e suas pequenas
piscinas naturais com água avermelhada na cor de ferrugem. Tomar banho nestas
águas frias de nascentes naturais na montanha depois de tanto caminhar é
relaxante.
Fim da trilha, o caminho inverso traz o aventureiro de volta
à cidade.
Valor aproximado: R$80,00/ pessoa
A Travessia da Serra de São José
é a mais longa de todas, 12
km e cerca de 5 horas, mas junta as vantagens dos dois outros passeios e passa
por vários mirantes à beira do paredão com vistas incríveis de Tiradentes e dos
mares de morros de Minas. As paradas nos mirantes são ideais para descansar,
lanchar (lanches são oferecidos pelas agências) e fazer fotos incríveis, mas o
melhor é o refrescante banho na Cachoeira do Mangue ao fim do percurso.
A travessia inicia-se pela Trilha do Carteiro, cerca de 1
hora em meio à Mata-Atlântica e mais meia pela calçada dos Escravos. Ao fim
desta, uma curta caminhada é já é hora de uma pausa para lanches e fotos no
primeiro mirante. A seguir, mais meia hora no topo da serra, próximo à beira do
paredão levam ao segundo mirante. Após esse, segue-se pela direita, onde
desce-se por cerca de duas horas por trás da Serra até à cachoeira do Mangue,
no caminho várias nascentes com águas frescas e potáveis são verdadeiros deleites
e, no fim, o banho de cachoeira é revigorante.
Valor aproximado Travessia: R$100,00 / pessoa
Outras Trilhas:
Travessia Tiradentes x Águas Santas:
Seguindo a trilha do Mangue, é possível chegar ao Balneário
Águas Santas
, do outro lado da Serra no bairro do mesmo nome.
A trilha passa por um antigo muro de pedras que fazia parte
da estrada dos escravos perto de onde o caminho desce da Serra (para quem faz o
percurso subindo pela trilha do carteiro).
Depois de pouco menos de 40 minutos de caminhada, após a
cachoeira do Mangue, já é possível avistar o balneário de Águas Santas mais
abaixo. Nesse ponto, um calçamento de pedras que demarca a antiga estrada de
comércio percorrida pelos escravos conduz ao fim da trilha em Águas Santas.
Travessia Tiradentes x Santa Cruz de Minas
Outra variante da Trilha do Mangue. Nesta, antes de se
chegar à cachoeira do Mangue, pega-se uma trilha à esquerda (há uma plaquinha
pequena de madeira indicando) e após uns 20 minutos de caminhada chega-se ao um
grande poço de água escura e às três quedas que compõem a Cachoeira dos Anjos e
mais abaixo à Cachoeira do Bom Despacho. Aos pés desta última, há poços
artificialmente estruturados e o Primeiro Marco da Estrada Real, já na cidade
de Santa Cruz de Minas, a 5km de Tiradentes.
Travessia Tiradentes x Prados
Uma variante da Trilha do Carteiro. Após a cruz que dá nome
a trilha, segue-se a trilha em frente por alguns quilômetros até a cidade de Prados.
No caminho de Tiradentes para Bichinho, há uma estrada que
passa pela Serra de São José que também dá acesso a Prados. Há trechos
estreitos, alguns não pavimentados, portanto, não recomendáveis para
utilitários.
Recomendações
– é importante vestir roupas leves, boné ou chapéu e tênis
para fazer a caminhada.
- Se você planeja mergulhar na cachoeira, não esqueça de
levar uma roupa extra e toalha.
– Leve água, sanduíche e frutas!
– Protetor solar e repelente são indispensáveis.
– Veja a previsão do tempo para o dia em que pretende fazer
o passeio. Se for um dia nublado, você corre o risco de chegar lá em cima e se
deparar com várias nuvens atrapalhando a sua vista.
- Além disso, caso a previsão seja de chuva, as agências
evitarão de fazer os passeios, pois a chuva dificulta muito a trilha, já que as
pedras ficam escorregadias e há barro em alguns trechos
– Não é um item obrigatório, mas facilita a sua vida: vá com
uma bota própria para trilhas. Aquele tênis que você usa no dia-a-dia ou na
academia não tem tanta aderência quanto a bota, além de não protegerem seus
tornozelos.
- É possível combinar com a agência para que lhe busque/leve
diretamente na Pousada onde você está hospedado.
- Dica de viajantes: na hora de contratar a agência de turismo,
pergunte ao receptivo, se eles te deixam na entrada da trilha e buscam no
final de carro ou se fazem todo o trajeto caminhando. algumas agências não
dispõem desse transfer e, especialmente, na volta da estrada real para o
centrinho de tiradentes é uma boa caminhada.
Fauna
A serra de São José possui uma concentração única de
libélulas.
Ali foram registradas 29 espécies de vespas sociais,
populares marimbondos, com dois novos registros para MG, a maior diversidade em
campo rupestre do Brasil, e o registro ao acaso de uma fauna espetacular de
outros insetos, arachnídeos, anfíbios, répteis e aves. De acordo com o biólogo
Kassius Santos, cerca de 300 espécies de aves voam por ali, as mais comuns são
o tico-tico, a campainha-azul, tangará, tangarazinho e tiê-preto.
Vegetação
Na que é considerada a parte baixa da serra, até 800 metros
de altitude, a vegetação é de Mata Atlântica, caracterizada por árvores altas e
muita sombra. Mas na parte alta, que vai até cerca de 1.260m, a mata é composta
por campos rupestres, ecossistemas que se encontram em áreas de altitude acima
de 900 m, no domínio do Cerrado e Mata Atlântica, e se caracterizam por áreas
de afloramentos rochosos do tipo quartzo, com grande número de espécies animais
e vegetais endêmicas, isto é, de ocorrência restrita a este ambiente, Ali
encontram-se plantas típicas desse ambiente como as canelas-de-ema, família
veloziaceae, sempre-vivas, família eriocaulaceae, muitas espécies de orquídeas
e outras rasteiras e árvores baixas, além de solo pobre. Por isso, nesse trecho
não há sombra alguma. Mesmo assim, era por ali que os bandeirantes tinham o
hábito de andar.
Geologia:
A Serra de São José caracteriza-se por ser uma formação
de quartzito
(de
fino a grosso) e meta-pelito, apresentando, ainda, dois diques: meta-basito
e diabásio.
Grandes blocos, chamados de Pontões, compõem o lugar, além dos vários blocos de
pedra espalhados por todo o local. a área rica em cachoeiras (na borda oeste) é
responsável pela produção da água magnesiana
e radioativa
que abastece o Balneário Águas Santas.
O Refúgio de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José
A RVS Libélulas da Serra de São José foi criada pelo decreto
nº 43.908, de 5 de novembro de 2004 e abrange áreas dos municípios de
Tiradentes, Santa Cruz de Minas e Prados em Minas Gerais, tendo como área
total, 3.717,00 ha.
A RVS Libélulas da Serra de São José é composta por um
grande paredão rochoso com áreas de vegetação que abrangem formações de Mata
Atlântica, Campos Rupestres e Cerrado. É um dos grandes tesouros naturais do
Estado de Minas Gerais.
A administração é estadual, exercida pelo IEF/MG - Instituto
Estadual de Florestas de Minas Gerais.
Categoria de manejo - Refúgio da Vida Silvestre.
Categoria UICN - III - Monumento Natural.
Bioma Predominante - Mata Atlântica.
A Unidade de conservação é aberta à visitação pública
orientada. Como infraestrutura, foi planejado a construção de três núcleos de
informação, visitação e apoio à fiscalização:
A Casa da Serra, localizada na região de Prados, que tem
como tema central a biodiversidade da região.
A Casa das Águas, localizada no município de Tiradentes
bairro das Águas Santas, foi reformada a partir de um acordo entre a CODEMIG e
o IEF, tem como tema central a diversidade geológica da região.
A Casa Frei Vellozo, localizada no município de Santa Cruz
de Minas, será construída próxima ao 1º Marco da Estrada Real, junto à
Cachoeira do Bom Despacho, local muito procurado para o lazer por turistas e
moradores locais. Seu tema será o homem e a história da região.
Para cada núcleo foram previstos escritórios, sanitários
públicos e centros de interpretação. De cada um deles sai uma trilha que leva
aos demais e a outros atrativos utilizando as principais trilhas e caminhos já
existentes. Nesta serra existem muitas trilhas, que são tradicionalmente
utilizadas pela população, mirantes, e atrativos históricos. Algumas das
trilhas são: Trilha da Biquinha; Trilha da Mãe d’água; Trilha do Mangue; Trilha
do Carteiro; e, Trilha do Sopé da Serra que hoje é chamada de Estrada Parque
Passos dos Fundadores. Também tem trechos da Estrada Real.
