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Semana Santa em Tiradentes

Claudir Carvalho • mar. 26, 2019

Os rituais e costumes de uma das mais completas Semanas Santas do mundo rememorada a mais de 300 anos

Semana Santa em Tiradentes - MG

A Semana Santa é um dos maiores eventos de fé e devoção católica. Em Tiradentes, as tradicionais celebrações milenares acontecem há mais de 300 anos, com uma extensa programação religiosa e cultural, com missas, procissões e encenações. Pelo que se tem conhecimento, a primeira celebração cristã da Semana Santa ocorreu no ano de 1682. Foi por meio do Concílio de Niceia, advinda do Papa Silvestre I, onde os ensinamentos da doutrina católica tornam-na como religião oficial do Império Romano. O Concílio de Niceia determinava que a Semana Santa fosse constituída de oito dias.Este ano, a Semana Santa tem início dia 14 de abril, com as celebrações do Domingo de Ramos, e se estende até dia 21, no Domingo de Páscoa. Confira a Programação da Semana Santa 2019em Tiradentes - MG.

Passinhos da Paixão em Tiradentes

Durante a quaresma, os quarenta dias que antecedem a Páscoa, são realizadas caminhadas em oração, conhecidas como Vias Sacras, nos bairros e comunidades da cidade. Nas sextas-feiras, após a celebração da missa acontecem Vias Sacras solenes na Igreja Matriz de Santo Antônio, percorrendo o Centro Histórico e os Passinhos da Paixão – pequenas capelas construídas entre os anos de 1745 e 1807, que contém quadros com cenas dos últimos momentos de Jesus Cristo, abertos exclusivamente nesta época.

Setenário das Dores em Tiradentes - MG

Antes da semana santa, o Setenário das Dores, antiga tradição originada no século XIII, faz memória as sete dores maiores que Maria, a Mãe de Jesus sofreu ao longo de sua vida. São elas:

Primeira dor: a profecia de Simeão

Segunda dor: a fuga para o Egito

Terceira dor: Jesus perdido no Templo

Quarta dor: Maria encontra o seu Filho a caminho do Calvário

Quinta dor: Jesus morre na Cruz

Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe

Sétima dor: dão sepultura ao Corpo de Jesus

Terminado o Setenário, acontece a Procissão do Depósito de Nossa Senhora das Dores.

Semana Santa cidade histórica MG

Em meio ao Setenário, acontece a Solenidade dos Passos tendo por finalidade relembrar os dolorosos Passos de Jesus Cristo a caminho do Calvário. A Festa de Passos, é celebrada desde 1721, e em 1807, com a introdução do culto a Nossa Senhora, tem seu processo alterado para a forma que permanece até a data atual: saindo o Senhor dos Passos em depósito para a Igreja das Mercês no sábado, envolto em Velário roxo. Na Rua das Forras (atual Resende Costa) é feito o encontro com a Irmandade de Nossa Senhora das Mercês, que o cobre com seu pálio e toma o andor para conduzi-lo até sua capela. Neste momento, o Santo Lenho é incensado sobre o andor. Chegando à Igreja de Nossa Senhora das Mercês o Velário é descerrado ao som de um moteto, geralmente “Popule Meus”. Recentemente, recuperou-se o Sermão do Pretório, logo após a entrada do Depósito, tradição que ficou perdida por mais 80 anos.

No domingo, às dez horas, é celebrada a Missa Solene, que tem assistência da Orquestra e Coro Ramalho desde meados do século XIX. A missa é precedida de Rasoura, uma pequena procissão em volta da igreja, quando a imagem do Senhor dos Passos é conduzida pelos irmãos das Mercês, tradição que data do século XIX.

As seis horas da tarde, sai a procissão do Senhor dos Passos, parando nas capelas, onde são entoados os Motetos de Passos, com sopro e vozes. Os motetos originais eram de autoria de Manoel Dias de Oliveira (1735-1813) e foram substituídos pelos atuais, datados do fim do século XIX, de autoria de Antônio Pádua Falcão (1843-1927). Ao mesmo tempo, sai da Igreja de São João Evangelista a procissão de Nossa Senhora das Dores, que vai encontrar a imagem do Senhor dos Passos no Largo do Rosário, onde é recitado o Sermão do Encontro. Originalmente, o andor da Virgem era conduzido pelos confrades de Nossa Senhora das Dores, com opas roxas e azuis, e hoje é conduzido pelos irmãos de São João Evangelista, com opas verde-vermelhas. Acompanha a Virgem os figurados São João Evangelista e Santa Maria Madalena. Figurados são pessoas com vestes a caráter representado os santos. A Madalena veste túnica e manto e leva um diadema na cabeça. Deve ter cabelos longos, para lembrar a mulher que enxugou os pés de Jesus com os cabelos. Trás nas mãos uma naveta com incenso, em alusão ao óleo perfumado com que ungiu os pés de Cristo. João veste a túnica e manto verde e vermelho, suas cores iconográficas, e trás seus atributos, livro dos evangelhos e pena para escrever.

Após o Sermão do Encontro, o coro entoa o “Miserere” de Manoel Dias de Oliveira e a procissão prossegue parando nos outros dois Passos, agora com o andor de Nossa Senhora junto, até recolher-se a Igreja Matriz de Santo Antônio, onde é cantado o último moteto e é recitado o Sermão do Calvário, com a cena da gólgota montada na tribuna do altar mor da igreja. Termina a solenidade com o tradicional beijo às imagens por todos os fieis.

Os camarins dos retábulos, assim como os crucifixos das banquetas, ficam velados com panos roxos. As cruzes processionais também são cobertas por panos roxos, como os frontais de altar. Cobrir as imagens de santos e outros ícones sacros durante a quaresma é fundamentasdo no luto pelo sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, levando os fiéis a uma reflexão profunda, ao contemplar estes objetos sagrados cobertos do roxo, cor simbolo da tristeza, dor e penitência. Os pisos das igrejas são cobertos por rosmaninho, planta cheirosa, nativa da região. Os andores são enfeitados com muito manjericão e alecrim, para criar o perfume típico das procissões da Paixão. A cruz do Senhor dos Passos é enfeitada com uma grande “palma” de orquídea típica da região, a “Cattleya loddigesii”, em tons violeta. As imagens vestem túnicas roxas com rendas e bordados em fios de ouro, assim como as sanefas do andor de Passos. Completa essa encenação de cunho barroco o dobre fúnebre dos sinos das igrejas Matriz de Santo Antônio, Nossa Senhora das Mercês, São João Evangelista e Nossa Senhora do Rosário, além das nuvens de incenso que sobem dos turíbulos e das luzes das velas, ciriais e lanternas que iluminam as procissões. A Festa de Nosso Senhor dos Passos é, sem dúvida, a mais bela e comovente solenidade do Ciclo da Paixão em Tiradentes, que certamente já passa dos 300 anos.

Celebrar o Encontro de Maria com Jesus a caminho do Calvário antes da Semana Santa, ao contrário de outras dioceses do país, é uma tradição Vaticana criada em 1617, quando se estabeleceu a Coroa das Dores de Nossa Senhora, por iniciativa da Ordem dos Servos de Maria.

Ofício de Trevas Tiradentes

Realizado no sábado que antecede o Domingo de Ramos, o Ofício de Trevas, antigo Ofício Divino, é todo entoado em latim e repleto de simbolismo.

Com orações e cantos de Santo Agostinho, salmos e lamentações, o Oficio tem o objetivo de ajudar as pessoas a entenderem os sentimentos de Cristo em sua dolorosa Paixão. Durante o rito, são executados os responsórios e as laudes, compostos por padre José Maria Xavier, alternando com o Coro Gregoriano.

As atenções são voltadas para o tenebrário, um grande candelabro triangular, com 15 velas, situado ao lado direito do altar. Ao final da leitura de cada salmo, uma vela é apagada. Apenas uma, no vértice, é mantida acesa e levada para trás do altar. Esta vela representa Jesus Cristo, a luz do mundo, que nunca se apaga.

Quando a vela está escondida, todas as luzes da igreja são apagadas. É o momento das trevas, na qual os fiéis batem com o pé no assoalho, fazendo um estrondo barulho. Em seguida, as luzes são novamente acesas, anunciando que Cristo ressuscitou.

Semana Santa

A Semana Santa inicia-se no Domingo de Ramos que celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado como o Messias (enviado de Deus) pelo povo simples que o aplaudia e colocava ramos de palmeira enquanto Jesus entrava na cidade, originando o nome da festividade. Este Domingo celebra dois mistérios: (1) a Entrada solene do Senhor Jesus em Jerusalém para viver sua Passagem do mundo para o Pai e (2) o Mistério de sua Paixão, Morte e Sepultura. Daí o título original deste dia: Domingo de Ramos e da Paixão. A procissão é de ramos; a Missa é da paixão.

A Procissão do Horto das Oliveiras, realizada na segunda-feira , simboliza o momento em que Jesus aceita a missão de morrer.

A terça-feira é marcada pela Prisão de Cristo. Nesta procissão, as luzes do Centro Histórico são apagadas, e a única iluminação existente é a luz das velas carregadas pelos devotos.

Na Quarta-feira Santa , a Via Sacra é encenada nas ruas da cidade por atores de um grupo teatral de Tiradentes, com saída da Igreja do Bom Jesus da Pobreza e encerramento na Matriz. Padre Ademir afirma estão sendo feitos aumentos gradativos de investimento para a Via Sacra encenada. “É um momento em que muitas pessoas se emocionam, por isso temos o cuidado em tentar ser o mais fiel possível, para que as pessoas sintam que existe uma intensa espiritualidade”, disse. O padre enfatiza que o objetivo é aproximar da encenação realizada em Nova Jerusalém (PE).

A Quinta-Feira Santa inicia o Tríduo Pascoal (paixão, morte e ressurreição de Cristo), Nesse dia, Jesus teria reunido os seus apóstolos para comemorar a Páscoa Judaica, num episódio conhecido como a Última Ceia e instituído o Mistério da Eucaristia. É costume o padre lavar os pés de 12 pessoas na celebração da missa, lembrando o ato de humildade de Jesus quando ele próprio lavou os pés dos apóstolos, o que leva o dia a ser conhecido também como A celebração do Lava-pés. Além do Lava-pés, também é na Quinta-feira Santa que os santos óleos são benzidos. Esse óleos são os utilizados nas celebrações dos sacramentos do Batismo, Crisma, bem como na unção de enfermos.

A Sexta-Feira Santa , também chamada de Sexta Feira da Paixão os cristãos relembram a morte de Jesus Cristo. Nesta data, acontecem diversos rituais religiosos. A Igreja Católica aconselha aos fiéis cristãos a fazerem algum tipo de penitência, como jejum e a abstinência de carne ou de qualquer ato que se refira ao prazer mundano. Reconstituições da Via Sacra acontecem durante o dia. A adoração da cruz pelos católicos também é um símbolo que representa as tradições típicas da Sexta-Feira da Paixão. Muitos devotos costumam beijar os seus crucifixos em sinal de respeito e eterno agradecimento a Jesus, por ter se sacrificado em prol da humanidade. Na Sexta-Feira da Paixão acontece a ação litúrgica, com Adoração da Cruz, às 15 horas na Matriz de Santo Antônio. À noite, é realizado o Descendimento da Cruz e em sequência a Procissão do Senhor Morto.

O Sábado Santo ou Sábado de Aleluia é o dia da espera da ressurreição. No final deste dia é celebrada a Solene Vigília Pascal, que se inicia com a Bênção do Fogo Novo e também do Círio Pascal; proclama-se a Páscoa através do canto do Exultet e faz-se a leitura de 14 passagens da Bíblia (7 leituras e 7 salmos) percorrendo-se toda história da salvação, desde Adão até o relato dos primeiros cristãos. Entoa-se o Glória e o Aleluia, que foram omitidos durante todo o período quaresmal. Há também o batismo daqueles adultos que se prepararam durante toda a quaresma. A celebração se encerra com a Liturgia Eucarística. Também há na cidade a tradição de confeccionar tapetes de serragem na madrugada de sábado para a procissão do Domingo de Páscoa.

Domingo de Páscoa ou Domingo da Ressurreição é uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressurreição de Jesus Cristo. A palavra Páscoa deriva do hebraico e significa "passagem", e coincide com uma festividade pagã que celebrava a passagem do inverno para a Primavera. A Igreja celebra a passagem de Cristo da vida terrena para a vida eterna. Este é o último dia do Tríduo Pascal e o último dia da Semana Santa.

As celebrações e procissões tem a participação da Orquestra e Banda Ramalho.

Sexta Feira da Paixão em Tiradentes - MG

O fato de Tiradentes ser uma cidade pequena e tranquila favorece a reflexão e ajuda a aflorar a espiritualidade. Além disso, a arquitetura e beleza das igrejas chama a atenção dos turistas nesta época do ano.

Pequenos detalhes fazem com que a Semana Santa em Tiradentes seja singular. O som da matraca para simbolizar o luto, a prisão do Cristo. Na Sexta-Feira da Paixão os sinos das igrejas não são tocados, nos demais dias há um toque fúnebre, mais contrito para retratar o sofrimento. A cidade preserva a tradição de confeccionar tapetes de serragem na madrugada de sábado para a procissão do Domingo de Páscoa. As celebrações e procissões tem a presença da Sociedade Orquestra e Banda Ramalho, tornando-as ainda mais emocionantes.

As celebrações são organizadas pela paróquia Santo Antônio em conjunto com as Irmandades do Santíssimo, Senhor dos Passos, São João Evangelista, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora das Mercês. E conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Tiradentes.

Semana Santa Tiradentes

Acesse aqui a PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA SEMANA SANTA 2019em Tiradentes

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