Chafariz de São José
Lugar rico em história e um dos mais visitados da cidade. Datado de 1749 era a principal fonte de abastecimento de água de Tiradentes no período colonial.
Enigmático e peculiar, o chafariz foi construído em 1749 pela Câmara Municipal de São José Del Rei (Tiradentes), sendo considerado o mais belo chafariz do Brasil. Com fachada barroca e trabalhado em quartzito, foi construído com três funções: abastecer com água potável a população, servir como suporte para as lavadeiras locais e bebedouro aos animais.
Seguindo a tradição da maioria dos chafarizes mineiros, o de São José é parietal, ou seja possui uma parede como elemento compositivo básico. Em Tiradentes esta parede divide as três áreas do chafariz. Na frente, cercada por uma mureta baixa de pedra que sustenta um conjunto de bancos, há um tanque abaulado, bem ao gosto barroco, que recebe a água jorrada por três carrancas ricamente ornamentadas, destinadas aos homens livres. Atrás da parede principal, à esquerda ficava a área onde as escravas lavavam as roupas e, à direita, um bebedouro destinado aos animais e aos escravos. Penas de açoite e prisão estavam previstas no início do século XIX, pela Câmara Municipal, para quem o utilizasse de maneira inadequada. Estavam proibidas as brincadeiras e arruaças de escravos, que também não podiam ali amolar suas facas.
O Chafariz de Tiradentes é o único do estado de Minas a ter um oratório com uma imagem de santo. Sua fachada Barroca guarda uma rara imagem em terracota setecentista de São José de Botas, padroeiro dos bandeirantes e desbravadores, e uma cruz esculpida em pedra com o Brasão de armas do Reino de Portugal. As três fontes em formato de carrancas – esculpidas em pedra – funcionam até hoje, alguns acreditam que deve-se beber de apenas uma delas e garantir riquezas, saúde ou amor; mas dificilmente concordam qual carranca garante cada presente.
Ao observar o chafariz de lado (e não de frente) percebe-se que a construção tem uma inclinação de mais ou menos 15º. Essa inclinação garantia que, caso houvesse algum problema estrutural, a construção desabaria sobre os escravos e animais, resguardando os senhores que sentavam para apreciar o movimento da vila na parte da frente. Segundo os guias locais isso não tem nada a ver com engenharia, mas estaria associado à simbologia maçônica.
Curiosidade: o calçamento à frente do Chafariz é um dos poucos pontos que apresenta o calçamento original da cidade em pedras pé-de-muleque. Dentro do pátio, percebe-se o reaproveitamento de material, característico das cidades barrocas, pedras que notoriamente fizeram parte de residências da época, foram reaproveitadas para formar a pracinha.
Toda e qualquer voltinha pela cidade – seja de charrete, de jardineira ou a pé – passa por ali. Ainda hoje, moradores e turistas buscam a água fresquinha que desce da Serra de São José através de um antigo aqueduto de pedra de cerca de 1 quilômetro de extensão, que busca água no Bosque da Mãe D’água aos pés da Serra. Conta a lenda local que se você beber um gole desta água cristalina novamente você retornará à bela Tiradentes.
